quarta-feira, 26 de agosto de 2009

"Pedi que ficasse, como não ficou o outro. Mas não o suportaria, acrescentei a seguir. Sorriu. Como se nada do que eu pudesse dizer fosse capaz de modificar sua partida. Ainda chove, tentei dizer. Não importa, será melhor assim, dizia sua mão estendida. Passou-a devagar na minha face. Eu era uma coisa pequena, rastejante, sem Deus, caminhando no escuro lamacento, à procura apenas de qualquer gesto como o toque de uma mão humana, devagar, na minha face. Ele tocou. Calçou os sapatos, apanhou o chapéu. Eu quis dizer que poderia ocupar o segundo quarto, a segunda cama, a segunda vida, talvez para sempre. Eu estava tão vivo que qualquer outra coisa também viva e próxima merecia minha mão estendida, oferecendo. Estendi a mão. Ele não podia aceitá-la. Eu não devia estendê-la."

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